5. (Enem 2013) Mal secreto
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
(CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995)
Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que:
- a necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada.
- o sofrimento íntimo torna-se mais ameno quando compartilhado por um grupo social.
- a capacidade de perdoar e aceitar as diferenças neutraliza o sentimento de inveja.
- o instinto de solidariedade conduz o indivíduo a apiedar-se do próximo.
- a transfiguração da angústia em alegria é um artifício nocivo ao convívio social.
Resposta: A
Resolução: O soneto "Mal secreto" de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. O eu lírico fala sobre a possibilidade de poder ver as emoções escondidas nas pessoas através de suas expressões faciais. Ele sugere que muitas pessoas guardam um mal secreto, mas fingem ser felizes para serem aceitas pela sociedade. Essa necessidade de ser socialmente aceito leva o indivíduo a agir de forma dissimulada, escondendo suas verdadeiras emoções. O poeta usa essa reflexão para mostrar a complexidade das relações humanas e a importância de se compreender as verdadeiras intenções de cada pessoa. Esse cuidado formal e racionalidade na condução temática estão coerentes com a proposta parnasiana.