1. (Enem 2019) Inverno! inverno! inverno!
Tristes nevoeiros, frios negrumes da longa treva boreal, descampados de gelo cujo limite escapa-nos sempre, desesperadamente, para lá do horizonte, perpétua solidão inóspita, onde apenas se ouve a voz do vento que passa uivando como uma legião de lobos, através da cidade de catedrais e túmulos de cristal na planície, fantasmas que a miragem povoam e animam, tudo isto: decepções, obscuridade, solidão, desespero e a hora invisível que passa como o vento, tudo isto é o frio inverno da vida.
Há no espírito o luto profundo daquele céu de bruma dos lugares onde a natureza dorme por meses, à espera do sol avaro que não vem.
POMPEIA, R. Canções sem metro. Campinas: Unicamp, 2013.
Reconhecido pela linguagem impressionista, Raul Pompeia desenvolveu-a na prosa poética, em que se observa a
- imprecisão no sentido dos vocábulos.
- dramaticidade como elemento expressivo.
- subjetividade em oposição à verossimilhança.
- valorização da imagem com efeito persuasivo.
- plasticidade verbal vinculada à cadência melódica.
Resposta: C
Resolução: O texto de Raul Pompeia apresenta uma linguagem impressionista, o que se traduz em uma subjetividade em oposição à verossimilhança, isto é, a descrição do mundo não se preocupa com a verdade objetiva, mas sim com a impressão subjetiva que ele causa no observador. A valorização da imagem com efeito persuasivo e a plasticidade verbal vinculada à cadência melódica também são características desta escrita.