Ora, Ora

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Contudo a Agatha Edu se mantém essencialmente com a renda gerada por anúncios, desativa aí rapidinho, parça. 😀

04. (Enem 2018) Quebranto

às vezes sou o policial que me suspeito

me peço documentos

e mesmo de posse deles

me prendo e me dou porrada

às vezes sou o porteiro

não me deixando entrar em mim mesmo

a não ser

pela porta de serviço

[...]

às vezes faço questão de não me ver

e entupido com a visão deles

sinto-me a miséria concebida como um eterno

começo

fecho-me o cerco

sendo o gesto que me nego

a pinga que me bebo e me embebedo

o dedo que me aponto

e denuncio

o ponto em que me entrego.

às vezes!...

CUTI. Negroesia. Belo Horizonte: Mazza, 2007 (fragmento).

Na literatura de temática negra produzida no Brasil, é recorrente a presença de elementos que traduzem experiências históricas de preconceito e violência. No poema, essa vivência revela que o eu lírico

  1. incorpora seletivamente o discurso do seu opressor.
  2. submete-se à discriminação como meio de fortalecimento.
  3. engaja-se na denúncia do passado de opressão e injustiças.
  4. sofre uma perda de identidade e de noção de pertencimento.
  5. acredita esporadicamente na utopia de uma sociedade igualitária.

Resposta: A

Resolução: O poema "Quebranto" da CUTI, do livro "Negroesia", retrata as experiências de preconceito e violência históricas na literatura de temática negra produzida no Brasil. O poema revela que o eu lírico incorpora seletivamente o discurso do opressor, pois o poeta expressa sentimentos de autosuspeita, autoaprisionamento e autopunição. O poeta também se descreve como um porteiro, não se permitindo entrar a não ser pela porta dos fundos, e às vezes recusando-se a ver a si mesmo, sentindo a miséria como um eterno começo. O poeta fecha-se num cerco, sendo o gesto que se nega, a bebida que bebe e se embriaga, o dedo que aponta para si e se denuncia, o ponto onde se entrega.


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