(Enem 2017) A crítica é uma questão de distância certa. O olhar hoje mais essencial, o olho mercantil que penetra no coração das coisas, chama-se propaganda
03. (Enem 2017) A crítica é uma questão de distância certa. O olhar hoje mais essencial, o olho mercantil que penetra no coração das coisas, chama-se propaganda. Esta arrasa o espaço livre da contemplação e aproxima tanto as coisas, coloca-as tão debaixo do nariz quanto o automóvel que sai da tela de cinema e cresce, gigantesco, tremeluzindo em direção a nós. E, do mesmo modo que o cinema não oferece móveis e fachadas a uma observação crítica completa, mas dá apenas a sua espetacular, rígida e repentina proximidade, também a propaganda autêntica transporta as coisas para primeiro plano e tem um ritmo que corresponde ao de um bom filme.
BENJAMIN, W. Rua de mão única: infância berlinense – 1900. Belo Horizonte: Autêntica, 2013 (adaptado).
O texto apresenta um entendimento do filósofo Walter Benjamin, segundo o qual a propaganda dificulta o procedimento de análise crítica em virtude do(a)
- caráter ilusório das imagens.
- evolução constante da tecnologia.
- aspecto efêmero dos acontecimentos.
- conteúdo objetivo das informações.
- natureza emancipadora das opiniões.
Resposta: A
Resolução: Isso ocorre porque a propaganda utiliza imagens espetaculares e rígidas, colocando as coisas em primeiro plano e em um ritmo que corresponde ao de um bom filme, o que dificulta a observação crítica e completa das coisas. A propaganda também aproxima as coisas de forma repentina e gigante, o que pode distorcer a percepção do observador e impedir uma análise mais profunda e reflexiva. Por isso, Benjamin afirma que a propaganda é um olhar mercantil que penetra no coração das coisas e "arrasa o espaço livre da contemplação".